A intersetorialidade nas construções à base de madeira engenheirada

O cenário nacional e internacional da construção civil à base de madeira, sobretudo a partir do uso de estruturas de madeira engenheirada, é promissor e esboça importantes sinais de crescimento (GIORGI; QUIRINO; MEIRELLES, 2020; DE ARAUJO, 2019). Dentre os elementos que estimulam este cenário, podemos destacar dois: o valor estético e arquitetônico agregado às construções em madeira, bem como a sua associação à ideia de sustentabilidade . Embora os setores florestal e madeireiro estejam envoltos por uma série de contradições de ordem ecológica, social e fundiária (BRAUN, 2021; DE ARAUJO, 2021), o fato de a madeira ser uma matéria-prima renovável dá a ela um importante apelo sustentável.

A intersetorialidade, isto é, a relação, aproximação e articulação entre diferentes setores a fim de, juntos, alcançarem um mesmo fim ou objetivo, está presente em diversos segmentos da economia e da sociedade (COUTO et al., 2018; OLIVEIRA et al., 2021; PRADO et al., 2022). Entretanto, na área da construção civil à base de madeira, a intersetorialidade é necessária e deve ter mais relevância. De modo geral, esta área demanda a integração entre os setores florestal e madeireiro (que, respectivamente, são responsáveis pelo manejo e beneficiamento da matéria-prima), profissionais da arquitetura, engenharias civil, mecânica e industrial madeireira, profissionais da área de cotação e orçamento, empresas especializadas na produção de peças estruturais em madeira, trabalhadores da construção civil e construtoras (SANTOS et al., 2022; SANTOS; BRAGA; COSTA, 2020;).

A sua intersetorialidade pode ser vista da seguinte maneira: a construção civil se relaciona com o setor público mediante  políticas habitacionais e de infraestrutura, bem como depende do setor financeiro pelo oferecimento de crédito, financiamentos e seguros, impacta o setor ambiental junto a gestão e contenção de crises, depende e estimula o setor primário de extração de minérios e produção de madeira, se relaciona com o setor logístico, depende e estimula o setor industrial, impulsiona a geração de renda e de emprego, estimula a indústria moveleira e o mercado varejista, assim como, ainda estimula setores da academia e da sociedade civil, sobretudo, das áreas de urbanismo, planejamento e especulação imobiliária (LIRA; OLIVEIRA, 2021).

No cenário brasileiro, a construção civil é fortemente enraizada no uso de alvenaria, concreto e aço (ABRAMAT, 2016). Há, no país, todo um arranjo produtivo e industrial consolidado, voltado especificamente a esse tipo de construção. Ou seja, há ofertas regulares e competitivas de matéria-prima e insumos, há mão de obra especializada e disponível, os bancos financiam e asseguram essas obras, bem como há a atuação de construtoras fortes e influentes (NUNES et al., 2020).

A construção civil à base de madeira, a qual faz uso das estruturas da madeira e seus produtos engenheirados, também é um setor que provoca e demanda a intersetorialidade. Além do mais, é um tipo de construção que pode oferecer importantes soluções aos problemas apresentados pela construção convencional. Entretanto, devido a problemas estruturais, é uma área que enfrenta obstáculos para crescer e angariar novos espaços (AFLALO, 2020; GIORGI; QUIRINO; MEIRELLES, 2020; NUNES et al., 2020; SANTOS et al., 2022).

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REFERÊNCIAS

ABRAMAT. Perfil da Indústria de Materiais de Construção. [s.l: s.n.].

AFLALO, M. Estruturas em madeira: forma e método. [s.l.] Universidade de São Paulo – USP, 2020.

BRAUN, A. C. Encroached by pine and eucalyptus? A grounded theory on an environmental conflict between forest industry and smallholder livelihoods in Chile. Journal of Rural Studies, v. 82, n. January, p. 107–120, 2021.

CASTRO, D. S. Eucalyptus culture in the State of São Paulo considering the concepts of Landscape, social economic formation and agrarian systems: a way to environmental management. Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional, p. 252–272, 2019.

COUTO, V. A. et al. Intersetorialidade e ações de combate à violência contra a mulher. Revista Estudos Feministas, v. 26, n. 2, p. 1–19, 2018.

DE ARAUJO, V.A.; GUTIÉRREZ-AGUILAR, C.M.; CORTEZ-BARBOSA, J.; GAVA, M.; GARCIA, J.N. Disponibilidad de las técnicas constructivas de habitación en madera, en Brasil. Revista de Arquitectura, v. 21, p. 68-75, 2019b.

DE ARAUJO, V.A.; VASCONCELOS, J.S.; MORALES, E.A.M.; SAVI, A.F.; HINDMAN, D.P.; O’BRIEN, M.J.; NEGRÃO, J.H.J.O.; CHRISTOFORO, A.L.; LAHR, F.A.R.; CORTEZ-BARBOSA, J.; GAVA, M.; GARCIA, J.N. Difficulties of wooden housing production sector in Brazil. Wood Material Science & Engineering, v. 15, p. 87-96, 2018b. DE ARAUJO, V. Timber construction as a multiple valuable sustainable alternative: main characteristics, challenge remarks and affirmative actions. International Journal of Construction


Ana Antunes
Ana Antunes
Diretora Comercial na Rewood.
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